quarta-feira - 17 de maio de 2023

Como a educação financeira é capaz de auxiliar o seu dia a dia: entrevista com Dimas Pinheiro

A inadimplência entre a população brasileira já é um fato. E para quitar as dívidas não basta apenas querer, é preciso, também, uma organização financeira minuciosa.

A partir de uma educação financeira adequada, você consegue enxergar melhor onde estão os maiores problemas, bem como aprende a administrar melhor o seu dinheiro. E, por incrível que pareça, até pessoas ligadas ao segmento financeiro podem ter dificuldade de organizar suas próprias contas.

Para entender um pouco mais sobre como a educação financeira pode ajudar na rotina, conversamos com Dimas Pinheiro, sócio-proprietário do Passa no Crédito e profissional com mais de 20 anos de experiência.

Confira!

Conta um pouco pra gente sobre o que é o Passa no Crédito e o que a empresa faz?

Minha carreira profissional sempre foi ligada ao mercado de crédito. Com mais de 20 anos de carreira nas áreas de Riscos de Crédito e Operacional, Cobrança, Planejamento e Business Intelligence, sempre vi o crédito como algo transformador na vida das pessoas. Entretanto, a falta de conhecimento sobre como utilizá-lo adequadamente acabava levando as pessoas à situação de inadimplência.

Foi aí que coloquei um propósito pessoal de transformar essa situação e, assim, nasceu o Passa no Crédito, uma empresa que ajuda pessoas e empresas a serem mais eficientes na relação com o crédito.

A Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) divulgou que, em 2022, o número de famílias endividadas bateu recorde: 77,9%. Como a educação financeira pode auxiliar nessa questão?

Acredito que o crédito não é um vilão, e sim a falta de conhecimento de como utilizá-lo da forma adequada. Neste ponto, a educação financeira tem um papel fundamental para mostrar às pessoas conceitos básicos de organização financeira e que cuidar de seu “Score”, hoje em dia, é fundamental.

Temos uma lacuna social enorme de consumo de crédito sem uma completa consciência financeira, e só a educação financeira poderá resolver essa questão.

Você trabalha como Personal Banker, certo? Qual a visão que as pessoas têm sobre isso? Elas sabem da possibilidade de contratar esse serviço? E como ele pode melhorar a vida financeira de uma pessoa?

O Personal Banker, ou bancário autônomo, ainda é um papel que está ganhando notoriedade no Brasil. Costumo explicar que você precisa de um Personal Banker tanto quanto precisa de um médico de sua confiança ou um advogado para te orientar.

Estamos vivendo uma transformação relevante no mercado de crédito com a adoção do Open Finance, onde as pessoas terão uma diversidade enorme de produtos e serviços bombardeando seu e-mail, app de bancos ou marketplaces, mídias sociais e etc. Então, como saber qual produto é realmente o melhor para você? É aí que entra o Personal Banker, pois ele já está conectado a dezenas de plataformas financeiras e tem a capacidade de trazer, de forma ágil, a melhor alternativa financeira para sua necessidade.

Além disso, o papel do Personal Banker é de relacionamento de longo prazo com seus clientes. Então, não há cobrança de tarifas pelo serviço, sua remuneração vem das plataformas quando uma operação de crédito é concretizada.

Falando agora sobre Cessão de Créditos, isto é, a venda de carteiras de créditos inadimplentes, como você enxerga esse mercado? Em sua opinião, você acha que as empresas sabem utilizar essa alternativa do jeito certo?

O mercado de Cessão de Créditos amadureceu muito nos últimos anos graças a entrada de novas Securitizadoras no mercado, entrada de cedentes de outros segmentos além do bancário (como varejistas, por exemplo) e disseminação da cultura de cessão (e aqui meus parabéns ao Portal Cessão de Créditos, que foi disruptivo neste segmento).

A expectativa de cessões para o ano já está na casa de R$ 90 bilhões, aproximadamente, mostrando a necessidade das empresas em gerar caixa em função do momento econômico do país e também como estratégia recorrente de gestão de portfólio.

Em minha opinião, os cedentes de segmentos menos tradicionais ainda precisam melhorar seus modelos de precificação. Vejo muitas empresas perdendo oportunidade de gerar caixa por acreditar que suas carteiras “valem mais do que estão oferecendo”. Porém, quando observo o método de precificação utilizado, há ausência de uma série de variáveis que mostram que, sim, você deveria se desfazer desse ativo, porque não terá a eficiência suficiente para extrair mais valor do que uma empresa especializada pode fazer.

Para finalizar, como profissional da área, quais são as previsões sobre a economia brasileira para 2023?

Os sinais da política monetária apontam uma gestão enfática para garantir a estabilidade da moeda. Dessa forma, tudo indica que seguiremos com uma demanda de crédito moderada, fruto do nível de taxa de juros atual e do processo de controle inflacionário.

As grandes empresas já estão buscando outros mecanismos para se financiar, porém as pequenas e médias ainda sofrem com escassez de crédito. Nesse âmbito, já se observam produtos financeiros sendo desenhados para este segmento que trarão fôlego para os pequenos e médios empresários. Já para pessoas físicas, o foco deve continuar em produtos com perfil de risco menor para as instituições financeiras, como é o caso do Crédito Consignado.


Para conferir mais entrevistas e matérias sobre o mercado financeiro, acesse www.blogcessaodecreditos.com.br.

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