sexta-feira - 8 de março de 2024

As mulheres no mercado de crédito: entrevista com Claudia Amira Fiaschitello, diretora-executiva da ABCD

“Nos últimos anos tenho visto cada vez mais lideranças femininas atuando no setor de crédito digital. Mas quando iniciei minha trajetória profissional, na área de tecnologia da informação, esse segmento era tradicionalmente associado aos homens”.

A frase é de Claudia Amira Fiaschitello, diretora-executiva da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD). Desde agosto de 2018 na associação, Claudia é uma profissional dentre as muitas mulheres que se especializaram e se destacam em sua área de atuação. Atualmente ela é responsável pela estruturação e gestão da associação com foco na regulação e crescimento do mercado de crédito digital. Com mais de 30 anos de experiência nas áreas de Operações, Vendas e TI, Claudia tem capacidade de desenvolver parcerias e alianças sólidas, gerenciar relacionamentos com clientes, implementar mudanças organizacionais e definir, gerenciar e implementar projetos, processos e metodologias dentro de um espaço.

Na intenção de trazer reconhecimento a grandes nomes femininos da nossa área, o Portal Cessão de Créditos traz hoje, no Dia Internacional da Mulher, uma entrevista com a diretora-executiva da ABCD, visando melhor entendimento sobre a sua importância tanto dentro da associação, quanto no mercado em geral.

Confira!

1) Claudia, de acordo com seu currículo, são 30 anos trabalhando com serviços financeiros, vendas e tecnologia. Como você avalia a transformação digital na área?

Coincidentemente, as áreas onde atuei (e ainda atuo) sempre foram impactadas pela tecnologia mais avançada disponível no momento. No entanto, notadamente a partir dos anos 1990, com a estabilidade da economia brasileira após anos de hiperinflação, principalmente no setor financeiro, começamos a observar um maior grau de digitalização em alguns produtos e serviços. Mas nada pode ser comparado ao salto ocorrido a partir de 2019/2020, quando a pandemia acelerou o processo de digitalização que já estava em curso, mas que se consolidou devido às necessidades de distanciamento impostas pela crise de saúde.

A chegada de novos players no segmento de serviços financeiros também desempenhou papel importante para a transformação digital. Nascidas em ambiente online, as fintechs trouxeram para o mercado uma série de inovações e disrupções que transformaram a maneira como os brasileiros consumiam produtos e serviços financeiros, agora disponíveis a qualquer hora e na palma da mão.

Importante destacar ainda o papel dos reguladores e das autoridades monetárias nesse movimento. Por meio da agenda BC#, do Banco Central do Brasil, uma série de iniciativas digitais, como o PIX e o Open Finance, por exemplo, contribuíram para a evolução tecnológica do sistema financeiro brasileiro.

2) A iniciativa da ABCD é justamente trazer credibilidade para a digitalização de crédito, buscando reunir fintechs de crédito e soluções inovadoras para o setor, correto? Como diretora-executiva da associação, o que você acredita serem os próximos passos na consolidação de mercado? Qual a tendência que se destaca?

Sim, a ABCD nasceu em 2016 com o objetivo de impulsionar um mercado de crédito mais competitivo, inovador e menos complexo, capaz de promover o desenvolvimento sustentável do setor, oferecendo produtos e serviços alinhados com a realidade e a necessidade de cada perfil consumidor.

Ano a ano temos acompanhado a expansão das fintechs de crédito mesmo frente aos cenários desafiadores dos últimos tempos, consequência principalmente das altas taxas de juros e da ampliação da inadimplência. Desta forma, neste momento, em que boa parte das empresas do setor se encontra em um estágio de amadurecimento, vejo como tendências para as fintechs de crédito a concentração em certos segmentos, com foco em nichos menos expostos a riscos, além de um investimento mais direcionado à expansão sustentável, à manutenção de clientes e à consolidação de operações eficientes. E, claro, o emprego cada vez mais intensivo da Inteligência Artificial em seus processos.

3) Sua relação e atuação nas redes sociais (principalmente no LinkedIn) é notória, ainda mais sobre temas tão interessantes como o uso de inteligência artificial – sempre trazendo vieses para as suas atividades profissionais. Você enxerga isso como um diferencial na área?

O setor de crédito digital é por si só muito rico, envolvendo uma série de temas interessantes, principalmente relacionados à tecnologia, que não para de avançar. E poder usar o LinkedIn para ampliar os debates é sempre muito interessante para os profissionais do segmento, já que na rede social os principais players do mercado têm a chance de estar em contato direto, compartilhando ideias, tendências e questionamentos que são vitais para o aperfeiçoamento do setor.

Não chego a ver como um diferencial da área, já que pessoas de todas as atividades participam do LinkedIn. Assim, encaro como um instrumento importante de relacionamento e compartilhamento de ideias para qualquer profissional.

4) Por fim, qual a sua percepção da participação feminina na sua área de atuação, mercado financeiro e de tecnologia?

Nos últimos anos tenho visto cada vez mais lideranças femininas atuando no setor de crédito digital. Mas quando iniciei minha trajetória profissional, na área de tecnologia da informação, esse segmento era tradicionalmente associado aos homens.

Com o passar do tempo, com a ampliação do número de mulheres no ensino superior e aumento do interesse feminino pelas carreiras STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática), o cenário começou a se transformar. No entanto, um levantamento recente apontou que pouco mais de 30% dos cargos de alta liderança em bancos e fintechs no Brasil são ocupados por mulheres.

Então, a despeito dos avanços, ainda há um potencial enorme para o crescimento da presença feminina no setor.

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